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Arquitetos: José Adrião Arquitetos
- Área: 1309 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Fernando Guerra | FG + SG, Nuno Almendra
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Fabricantes: Acatedal, Bosch, CIN, CTMT, Canilectrigás, Lda, DANOSA, Elvira Barbosa Limitada, Energia Aciva, Lda, Geberit, Hempel, Ikea, Isover, Legrand, Oli, Orona Pecres, Placo, SINALUX, SIVAL, SYSTEMAIR, Sanitana, +5
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício, alvo de intervenção, foi construído no primeiro quartel do séc. XIX no gaveto do quarteirão da rua dos Douradores e a rua de Santa Justa em plena Baixa Pombalina de Lisboa. Em 2016, quando se iniciou o projeto de reabilitação, o edifício encontrava-se maioritariamente devoluto. Os três apartamentos com moradores eram habitados em condições totalmente precárias. As infraestruturas de águas e eletricidade, que não existiam no edifício original, estavam em total degradação.
As condições estruturais do edifício encontravam-se bastante fragilizadas devido à demolição de paredes resistentes ao nível do piso térreo. Estas demolições provocaram o assentamento dos pavimentos de todos os apartamentos, criando desníveis que em alguns compartimentos atingiam 20 cm.
Tirando partido da situação de gaveto do edifício e possuir 2 frentes de rua propôs-se a alteração de dois apartamentos para três apartamentos por piso, mantendo a estrutura Pombalina original de sucessão de espaços. De modo a responder às exigências contemporâneas de conforto e mobilidade, introduziu-se um elevador numa zona central do edifício, salvaguardando a integridade da caixa de escadas original.
A primeira fase de obra do edifício iniciou-se em 2017 com o objetivo de corrigir as deficiências estruturais, reabilitar a cobertura e a loja do piso térreo. Com a conclusão da primeira fase as obras pararam durante seis meses. Nesse interregno, para além das sondagens estruturais, solicitaram-se sondagens ao nível dos frescos, pinturas parietais e de tetos.
As sondagens parietais vieram a confirmar a existência de sucessivas camadas de frescos e pinturas a têmpera em todos os apartamentos do edifício. Ficou nessa altura evidente que os frescos escondidos durante décadas por trás das sucessivas camadas de pinturas deveriam ser revelados e que a sua preservação era uma das questões mais relevantes de todo o processo de intervenção.
Todo o projeto de execução já desenvolvido teve de ser reajustado para impedir qualquer roço nas paredes, tal como acontece numa obra convencional. Procuraram-se novos caminhos para as infraestruturas nos tetos e nos pavimentos. Decidiu-se também não proceder ao restauro dos frescos, nem hierarquizar as diferentes campanhas. Optou-se por deixar os vestígios sobrepostos, incompletos, com falhas. Procurou-se expor a complexidade do edifício revelando a multiplicidade das suas transformações ao longo do tempo.